A transição da espada para a caneta
Quando o Japão entrou na era moderna, o mundo dos samurais desabou. A Restauração Meiji, em 1868, acabou com o sistema feudal e com os privilégios da classe guerreira. De repente, homens que haviam nascido e treinado para a guerra se viram sem função.
O governo proibiu o porte de espadas e extinguiu os feudos. Muitos samurais perderam renda, status e identidade. Alguns se revoltaram, outros se adaptaram. Os que entenderam o novo tempo trocaram o campo de batalha pelo papel, o sabre pela escrita, a lealdade ao senhor pela lealdade ao serviço público.
“Quando a espada perdeu espaço, a mente virou a nova arma do samurai.”
Muitos dos antigos guerreiros se tornaram professores, oficiais do novo exército, administradores e intelectuais. O mesmo espírito de obediência, disciplina e método foi reaproveitado na construção do Japão moderno.
Esse comportamento moldou o que depois se chamou de salaryman — o homem de terno que serve a empresa como o samurai servia o seu senhor. A diferença é que agora a lealdade era à corporação, não ao clã.
A transformação foi dolorosa. Alguns perderam o sentido da própria existência. Outros descobriram que a honra podia continuar mesmo sem a espada, desde que houvesse propósito no que faziam. O código se manteve, só mudou de campo.
Referências
- Embracing Defeat: Japan in the Wake of World War II – John W. Dower
- The Making of Modern Japan – Marius B. Jansen
- Samurai Revolution: The Dawn of Modern Japan Seen Through the Eyes of the Shogun's Last Samurai – Romulus Hillsborough
- Inventing Japan: 1853–1964 – Ian Buruma