Por trás da armadura havia um homem comum

Por Braddock, 15 Outubro, 2025
Samurai Institute - Workshop Combatives

O medo e a humanidade do samurai

Por trás da armadura havia um homem comum. Essa é a parte que quase nunca aparece nas histórias. O samurai também sentia medo, dúvida e arrependimento. Ele errava, hesitava e, muitas vezes, agia por instinto. A diferença é que não podia demonstrar nada disso.

O medo era visto como fraqueza. E, num mundo onde a aparência valia tanto quanto a ação, esconder o que se sentia virou parte do treinamento. Muitos morriam sem nunca ter falado o que realmente pensavam. A honra cobrava silêncio.

“A armadura não servia apenas para proteger o corpo, mas também para esconder o que havia por dentro.”

Há relatos antigos de guerreiros que tremiam antes da batalha, que vomitavam de nervoso, que choravam sozinhos depois da vitória. Nada disso cabia nos relatos oficiais. A história preferiu guardar apenas os feitos heroicos — o resto foi deixado de lado.

Com o tempo, o samurai virou símbolo, e o homem real desapareceu. Virou ideia, exemplo, estátua. Mas se olhar de perto, dá pra ver a contradição: disciplina e desespero andando juntos. Coragem e medo misturados, como em qualquer um de nós.

Talvez seja isso que ainda mantém essa figura viva. Não o mito do guerreiro invencível, mas a tentativa humana de manter a cabeça erguida mesmo quando o corpo treme. Porque coragem não é não sentir medo — é agir mesmo assim.

Referências

  • Hagakure: The Book of the Samurai – Yamamoto Tsunetomo
  • The Lone Samurai: The Life of Miyamoto Musashi – William Scott Wilson
  • Samurai: The Last Warrior – Stephen Turnbull
  • Ideals of the Samurai – Thomas Cleary

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