Não sei se é loucura minha ou se tem mais gente assim por aí. Mas cada vez que acho que cheguei em algum lugar, percebo que ainda tô no começo.
Aos 59/60 anos, comecei no Kendo. E não é pra variar o treino. É porque preciso. Porque meu corpo e minha cabeça me pedem isso.
Já fui do Judô quando era moleque. Fiz Karatê até virar homem. Soltei o que tinha que soltar no Muay Thai, porradaria e muita história pra contar. Voltei pro Judô aos 30. Mergulhei de novo no Goju-Ryu. Entrei no Jiu-Jitsu aos 50. E tô aí até hoje.
Cada fase teve um motivo. Teve um chamado. Mas uma coisa não mudou... eu nunca me senti pronto. Nunca achei que sabia tudo. Na verdade, quanto mais caminho, mais vejo o quanto ainda falta.
O problema é que hoje muita gente quer o contrário. Quer chegar logo, pular etapa, pegar faixa, virar mestre. Aprende meia dúzia de coisas e já quer ensinar. Faz cinco lutas e já cria método. Mistura tudo, dá um nome bonito e vira coach de combate. Faixa preta não tem mais graça, agora o que importa são os dans...
Enquanto isso, quem criou a arte lá atrás… em tempos de guerra, em silêncio, com sangue no chão… vira alvo de crítica nos podcasts.
Eu não me encaixo nesse mundo moderno das aparências. Não me impressiona quem fala bonito. Me impressiona quem vive calado, quem respeita o passado.
Quem ensina com simplicidade. Quem escuta mesmo já sabendo. Quem não precisa provar que sabe, porque tá ocupado demais treinando, aprendendo.
Eu acredito na base. Nos velhos. Nos que apanharam pra aprender. Nos que ensinaram sem vender.
Por isso sigo. Não por saudade do passado, mas por respeito. Por isso comecei de novo. Porque recomeçar, pra mim, é sinal de coragem.
Porque estou vivo, porque me desafio...
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